domingo, 1 de setembro de 2013

Questionando O Medo Da Solidão

“Minha força está na solidão. Não tenho medo nem de chuvas tempestivas nem de grandes ventanias soltas, pois eu também sou o escuro da noite.”   Clarice Lispector

Interessante como esse verso tem uma força impulsionadora. Inspira a buscar coragem em nossos medos. Pois, qual o maior medo se não o da solidão? O vazio total de sentimentos, intelecto, capacidade física, empatia alheia. Qualquer aspecto que nos impeça de viver de verdade. Até o fato de levarmos uma vida que não escolhemos, como se estivéssemos representando a todo o tempo uma peça imposta por outras pessoas, que ousam até sugerir nossas falas. O que é politicamente correto ou não. E ainda assim, surge essa vontade ferrenha do sombrio, do inesperado, de você moldar isso e imprimir a sua maneira de agir. Você não fugir ou eliminar o seu medo, mas enfrentá-lo até se tornar parte dele. Ou transformar-se nele. Para quem tem medo do escuro, existe certo fascínio em descobrir como ele obtém tanto poder. Da onde surge tanta força, como o breu tem um aspecto tão implacável? Exatamente como a luz, pela sua totalidade. O fato de eles reinarem absolutos é a forma com o que nos encantam e assustam. 


Se tornar parte de uma força tão poderosa pode nos trazer plenitude a ponto de nos tornarmos particularmente gananciosos e tomarmos tudo para nós. Esquecermos a capacidade de compartilhar e ser solidário com o próximo, com isso deixarmos de lado nossa característica mais importante: a humanidade. Somos todos de carne e osso, afinal. A mesma pele, o mesmo sangue, o mesmo pó. Por isso o escuro a noite é tão perigoso. Sua magnitude que esconde em vez de revelar pode trazer a tona o que há de pior em nós.


Portanto sejam cautelosos meninos e meninas. Heróis. Pois a liberdade que a noite trás será tentadora o suficiente para termos atos impensáveis, agirmos de forma completamente permissiva para satisfazermos os desejos mais fúteis e nos entregarmos à força magnânima da loucura de ser quem somos. Bem lá, no epicentro do nosso espírito demonstrando tudo aquilo que escondemos principalmente de nós mesmos. 



SIQUARA, Isabele. 02/05/2013




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