domingo, 1 de setembro de 2013


Nesta fria e chuvosa manhã acordei sentindo muito a falta de algo. Algo que deixei de fazer tem algum tempo por que meu notebook pifou e esse PC improvisado que arrumei é uma merda. Escrever. Ah, como é gostoso! Principalmente quando você cumpre a rotina diária de espiar o face book edepara-se com a surpresa de lindos textos esperando para serem lidos. Um ti faz pensar no que está ai fora e não conseguimos ver e perceber, no universo além do nosso agora, podendo ser alcançado quem sabe, com a nossa morte. Outro na nossa rotina diária, nos problemas cotidianos que nos fazem levar a vida a sério demais, e nos esquecermos de vivê-la realmente. E mais algum que fala sobre o nosso eu interior, nossos sentimentos, sendo ele o que mais nos aflige, atormenta, ainda assim o desejamos, queremos e ele faz sentir um doce sabor de amargor e nostalgia, a saudade. 


O que li hoje sobre saudade foi tão lindo que me inspirou a escrever, pois foi passado de tal forma que qualquer um de nós pode se identificar naquelas linhas. Como em letras das músicas de Tom Jobim, com tal poesia que nos faz captar doces recordações e encher nossos corações de uma felicidade finda. Mesmo com o sabor de amargor, elas podem ser tão preciosas! Pois lembranças é o que carregamos conosco para todo o sempre, e o que nos garantem que vivemos de verdade, com toda a nossa intensidade. 


É saber esperar por um beijo, um olhar, ficar grudado ao telefone enchendo-se de memórias das doces palavras trocadas entre as linhas e ficar ansiosos para trocá-las novamente. É passar todo dia por aquela estação e lembrar-se dos alegres encontros, das risadas e tropeços. Da comunhão de duas almas que se encontraram e apenas querem estar cada vez mais conectadas uma a outra. É ter esse segredo escondido entre você e só mais alguém, podendo estar nas entrelinhas de algum choro-canção. Essa linda música sempre me faz pensar no que é o amor verdadeiro e como ele pode ser expresso em suas infinitas definições e variações, e ao mesmo tempo ser mantido em um silêncio que só cada um conhece. E lá no fundo do meu coração eu sei que a saudade é um dos temperos essências que nos dar o sabor de viver.


Se eu pudesse por um dia
Esse amor, essa alegria
Eu te juro, te daria
Se eu pudesse esse amor, todo dia
Chega perto, vem sem medo
Chega mais, meu coração
Vem ouvir esse segredo
Escondido num choro-canção

Se soubesses, como eu gosto
Do teu cheiro, teu jeito de flor
Não negavas um beijinho
A quem anda perdido de amor
Chora flauta, chora pinho
Choro eu o teu cantor
Chora manso, bem baixinho
Nesse choro falando de amor


Siquara, Isabele. 19/04/2013




“Minha força está na solidão. Não tenho medo nem de chuvas tempestivas nem de grandes ventanias soltas, pois eu também sou o escuro da noite.”   Clarice Lispector

Interessante como esse verso tem uma força impulsionadora. Inspira a buscar coragem em nossos medos. Pois, qual o maior medo se não o da solidão? O vazio total de sentimentos, intelecto, capacidade física, empatia alheia. Qualquer aspecto que nos impeça de viver de verdade. Até o fato de levarmos uma vida que não escolhemos, como se estivéssemos representando a todo o tempo uma peça imposta por outras pessoas, que ousam até sugerir nossas falas. O que é politicamente correto ou não. E ainda assim, surge essa vontade ferrenha do sombrio, do inesperado, de você moldar isso e imprimir a sua maneira de agir. Você não fugir ou eliminar o seu medo, mas enfrentá-lo até se tornar parte dele. Ou transformar-se nele. Para quem tem medo do escuro, existe certo fascínio em descobrir como ele obtém tanto poder. Da onde surge tanta força, como o breu tem um aspecto tão implacável? Exatamente como a luz, pela sua totalidade. O fato de eles reinarem absolutos é a forma com o que nos encantam e assustam. 


Se tornar parte de uma força tão poderosa pode nos trazer plenitude a ponto de nos tornarmos particularmente gananciosos e tomarmos tudo para nós. Esquecermos a capacidade de compartilhar e ser solidário com o próximo, com isso deixarmos de lado nossa característica mais importante: a humanidade. Somos todos de carne e osso, afinal. A mesma pele, o mesmo sangue, o mesmo pó. Por isso o escuro a noite é tão perigoso. Sua magnitude que esconde em vez de revelar pode trazer a tona o que há de pior em nós.


Portanto sejam cautelosos meninos e meninas. Heróis. Pois a liberdade que a noite trás será tentadora o suficiente para termos atos impensáveis, agirmos de forma completamente permissiva para satisfazermos os desejos mais fúteis e nos entregarmos à força magnânima da loucura de ser quem somos. Bem lá, no epicentro do nosso espírito demonstrando tudo aquilo que escondemos principalmente de nós mesmos. 



SIQUARA, Isabele. 02/05/2013





Às vezes, eu me sinto alheia a tudo que está ao meu redor. Apenas às vezes, observo as impressões das pessoas sobre a vida, seus momentos, com uma distância que me faz rir ou chorar. Como se estivesse a ver um filme. É muito mais seguro, confortável e sereno você apenas ver... Mas isso não é viver de verdade. Para descobrir a magia da vida, se deve levantar dessa poltrona e ir lá participar! Dançar, cantar, pular, dar boas risadas, ser forte e suportar os momentos de tristeza, fazer amigos, ouvir uma bela música, fazer protesto para defender o que se acredita, andar de bicicleta, correr, pular amarelinha, amar, respirar, inspirar, viver.

Sei que aquele canto do sofá algumas vezes parecerá o centro do universo. O porto seguro para se apreciar tudo ao redor. Mas sem envolvimento, nada é completo. Nada é aprendido e realmente curtido. Então peço a todos para pensar sobre isso hoje quando der aquela paradinha do dia para espiar o facebook. Demorem-se menos, e ponham mais os pés lá fora. Se ao ficar lá sentado na frente de um computador faz você se divertir horas em algum bate-papo ou um jogo, faça isso. Só não se esqueça de olhar através da janela de vez em quando.

Pois, se deixares passar muito tempo, quando tu decidir dar uma espiada lá fora, pode já não a ver mais nada esperando por você. Pode-se descobrir apenas um, você, dentro de seu próprio universo, em todos os seus momentos. Sozinho. E isso não é viver. 

Siquara, Isabele. 19/05/2013 



E não guardei memória de tempo ou de lugar, e as estrelas da minha sorte sumiram do céu e desde então a terra se tornou tenebrosa e suas figuras passaram perto de mim como sombras esvoaçantes, e entre elas só uma vislumbrava: Morella.
Os ventos do firmamento somente um nome murmuravam aos meus ouvidos e o marulho das ondas sussurra "Morella!”.
Edgar Allan Poe

Morella figura aparentemente singela, triste, frágil, fria. Mas poderosa em sua erudição e melancolia, ávida conhecedora e habilidosa das artes ocultas, buscava incessantemente penetrar na profunda identidade de sua alma e na de seu bem-amado. O fato de envolver-se tão completamente na primitiva literatura germânica consumiu-a e a seu querido por muitos anos, e a opressão de sua personalidade misteriosa acabou por quase enlouquecê-lo e a desejar-lhe sua morte. Apenas para findar-se aquele horror e tortura, por também estar ao lado de uma mulher a quem jamais amou realmente. 

Inconformada com isso, pois se julgou ter dedicado sua vida aquele homem, aquele ser, aquela criatura tão preciosa, lançou-lhe um feitiço em sua morte, que se reproduziria de maneira inevitável na vida de seu marido. Sua vida acabaria para dar lugar à outra vida, uma menininha, fruto da relação ardente entre eles, o único elo que lhes sobraria. Num novo ser, para o mesmo amar com fervor. Mas o seu amor duraria pouco e ele carregaria pra sempre a mortalha do pesar. E então ela se foi, apenas com um leve tremor, tão suave e plácida feito um anjo. 

E sua garotinha cresceu e resplandeceu, a cada dia mais linda, a cada dia mais viva... Até ele notar a semelhança, o parecer tão assustadoramente fascinante de sua queridinha com a falecida mãe. Sua voz tristemente melancólica, as pequenas mãos finas e frias, os cachos de seu cabelo, o olhar profundo e translúcido que lhe descortinava a alma quando a mesma o encarava. E principalmente, Ah principalmente! A consciência madura, a voz da experiência, as palavras da mãe morta brotando dos lábios da filha viva. 

E então o terror instalou-se sobre a alma daquele homem, que não mais consegue esquecer-se de quem já se fora, e faz o mesmo em sua paranoia, dar o nome da mãe à filha. O último nome de que se lembrarás, o último nome que sussurrarás. O nome que logo quando o ouviu lhe trouxera ardor e alegria, mas agora apenas restou o som sibilante da morte. Pois sua adorada criança ao ouvir esse som sair dos lábios de seu pai fez renascer novamente a alma de sua mãe, e foi-se levada por ela. Em seu ultimo esgar de vida o pai pode vislumbrar claramente a face da morta na expressão da viva. 

Mas o que ele deveria mesmo ter percebido foi que jamais pode ser capaz de esquecer aquela que se fora tão prematuramente, por também sua própria culpa e como isso afetou sua filhinha, que mantida em reclusão jamais teve oportunidade de viver por si só realmente. De ter uma identidade própria. Então os dois são culpados, pai e mãe por amaldiçoar aquela criança antes mesmo de ela existir, tragada pelo redemoinho de horror maquiavélico em que consistia a vida de seus abutres pais. 


SIQUARA, Isabele. 21/05/2013 




 Triste Época! É mais fácil desintegrar um átomo do que um preconceito.Albert Einstein

Preconceito. O que causa a intolerância das pessoas? Às vezes, uma simples piada. É isso mesmo! Uma divertida e “inofensiva” brincadeirinha pra todos rirem. Afinal nosso cotidiano é sempre muito engraçado e como é bom poder rir de fatos simples do dia-a-dia. Mas, e quando ridicularizam uma pessoa? E quando se fala de um problema social que deve acima de tudo ser levado a sério? Pois só lutamos, só defendemos aquilo que consideramos, respeitamos. E há uma linha muito tênue entre levar a sério algumas coisas, das quais rirmos também. Dar uma boa gargalhada com a má sorte de alguém é gostoso, quem não gosta? Quem não se diverte? Mas, quem consegue conter-se em algum momento e pensar seriamente sobre o que aquela pessoa está passando, o quanto aquela situação é ruim e como gostaríamos que não acontecesse conosco. E o quanto esse pequeno gesto de fazer as pessoas rirem podem lhes despertar aquele menosprezo já embutido nelas.

Um dos maiores problemas em nossa sociedade é que as pessoas não se cuidam realmente. Quando alcançam um nível de estabilidade, os sinais de alerta se apagam e elas pensam levar a vida perfeita. Que as desgraças do mundo só acontecem no quintal do vizinho. Mas o que você não sabe meu amigo é que tudo do que você ri, tudo o que desdenhas pode estar mais perto de você do que imaginas. Todos aqueles problemas de fome, miséria, falta de saneamento, pobreza, guerras, morte... Podem simplesmente surgir em sua porta quando menos se espera. Então, se for rir, que seja com consciência. Seja se pondo no lugar do outro, pois é assim que se adquiri a verdadeira sabedoria. E transforma esse mundo num lugar melhor. Faz com que você não perca grandes oportunidades na vida apenas por ser negro, homossexual, latino, gordo, narigudo, cabeçudo. Ou tantos outros motivos irrelevantes que as sociedades usam para se criar a intolerância, o desprezo. O ódio cego, a violência em sua forma mais brutal. 

Abram os olhos meus caros companheiros, enquanto ainda é tempo. Pois colhemos aquilo o que plantamos e amanhã podem ser vocês o alvo de tamanha ignorância. 

SIQUARA, Isabele. 26/05/2013







Como já dizia o falecido Renato Russo... Agora entendo por que ele era tão amado por uns, e odiado severamente por outros. Ele conseguia ver o que nós só estamos nos dando conta agora. Que ainda somos reféns de uma ditadura. Dos políticos, dos empresários que só visam o lucro, dos corruptos. Principalmente dessa ultima classe, que lucra em cima de cada 0,20 centavos a mais que pagamos de taxas ao governo. Pois cada pequeno troco de cada um pode se reverter em milhões. Então, temos por obrigação, a nossa classe jovem que é sim o futuro desse país, mudar isso em quanto é tempo. Em quanto ainda temos pulmões fortes para falar bastante e dizer NÃO a essa injustiça. Em quanto ainda podemos mostrar que não vamos nos submeter a esses reajustes impróprios, sem transparência e justificativas muito plausíveis. 


E se esse é um país democrático, por que não podemos fazer manifestações pacíficas? Por que não podemos dizer o que está preso em nossas gargantas? Por que num país que diz que a voz do povo é a voz de Deus, o governo não nos deixa expressar essa voz? Afinal, não é mandando a polícia militar que deve apenas executar nossa segurança nesse país, nos atirar bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha nos olhos para nos calar. Ou para nos cegar de vez em face dessa guerra urbana. Temos o direito de defender nossos direitos e devemos exercê-los. Pois se hoje essa guerra começa em São Paulo pode acabar aqui, ou em qualquer outro lugar do mundo. Mas se nos unirmos, elevarmos a nossa voz e fizermos manifestos de forma pacífica e com consciência, podemos sim mudar a cara desse país. Dessa corrupção. Desse governo sujo que trata a nossa democracia com desdém e guerrilha.


É a partir de “pequenos” gestos como esse como o aumento da passagem dos transportes públicos que nós podemos chegar a grandes reformas, ou até mesmo a uma revolução. É só tirarmos a bunda das cadeiras em casa.


VAMOS MOSTRAR COMO PODEMOS MUDAR ESSE BRASIL!


E AH, DESCULPE O TRANSTORNO!




SIQUARA, Isabele. 15/06/2013. 






Desde a antiguidade nos é mostrado de diversas formas, com muitos exemplos, que muitas vezes os nossos pais, avós, tios, ou seja, qualquer um dos nossos tutores e que nos ensinam os nossos primeiros
 passos podem cometer erros crassos. Pecados e injustiças fatais por coisas ínfimas como sua própria vaidade. O que podem levar a todos os envolvidos num caminho sem volta. Pois o filho adulador, que sempre se submete e nunca discorda pode ser aquele que esteja tramando a destruição de seus pais e irmãos, a usurpação de suas posses sem ter a mínima piedade sobre o destino trágico a que pode acarretar aqueles com quem cresceu e o que o cuidou e alimentou, e já está no fim de suas forças.


Nossos muito amados “mais velhos” com toda a experiência, em muitas situações perdem a sabedoria por se deixar levar por sentimentos de soberba, arrogância e egoísmo, exigindo que seu ego como superior seja enaltecido a qualquer custo. E não conseguem perceber a grande sabedoria daquele filho mais jovem, mais centrado e mais aplicado, que expressa apenas o que considera certo, não o que seu pai, professor e superior gostaria que fosse o correto. Como as verdades podem mudar, vocês não concordam?


Mas não se engane se pensas que ao ficar mais velho, tiver mais responsabilidades e seus próprios filhos (por mais que se leve uma vida exemplar) você não cometerá erros e o que você diz deve ser lei. Todos nós os cometemos. Em todas as fases de nossas vidas. Mas apenas o sábio sabe reconhecê-lo, admiti-lo e aprender com ele. Não desdenhes de alguém por ter alguns anos a menos de vida do que você, a sua maneira, ele pode ensinar-lhe valores que vós ao longo da vida pode ter deixado passar. 



Acredite mais naquele que duvidas, que discordas, que luta para que tu repense. Pois pode ser aquela cria que esteja pensando no seu bem, no seu crescimento e amadurecimento como ser pensante e que jamais lhe voltará às costas. Estará lá para lhe estender a mão no auge do seu declínio. Do que aquela criança adorada que aparentemente está ao seu favor, mas na verdade está apenas manipulando-o para empurrá-lo do penhasco na primeira oportunidade.


Não se permita há uma tragédia, apenas pelo efeito Narciso.




SIQUARA, Isabele. 03/07/2013






Conseguindo ver, tudo a que me neguei antes. Acredito que poucas coisas são comparáveis a viver no mundo dos sonhos, de sua própria fantasia. A sensação é tão magnífica, te leva ao topo, é como estar no paraíso em terra e nesse momento nos vemos imortais. Quem ira pensar em outro paraíso, se entregando a morte, se já o encontrou aqui?

Mas vivenciar essa beleza pode ser apenas o estágio mais grave de sua ilusão. Pois acordar desse sonho, mesmo que para alguns essa magia seja sombria, é dificílimo.

Abrir mão daquela realidade criada por ti, perfeita. Todos os mínimos detalhes bem cuidados. Só que esquecemos uma variante (a mais importante por sinal) o outro. Aquela pessoa que pensa, tem sonhos, desejos e realizações, como você. E muitas vezes as suas vontades, seus objetivos não são os mesmos. E o mais cruel que o um ser pensante pode ser com o outro é perceber que seus desejos são incompatíveis e ainda assim alimentar a intenção do próximo, fingindo ser a sua também.

Acordar desse tipo de ilusão é tão decepcionante, frustrante e complexo que tem alguns indivíduos que preferem perder a própria vida com ela. E a frustração é um dos sentimentos mais destrutivos que alguém pode manter. Impulsiona-lhe a atos que você jamais se imaginou capaz de cometer. 

Só que cair da nuvem mais alta, e bater direto no concreto, pode ser tão libertador! Quando se consegue abrir mão desse impulso mais profundo, vendo de todas as formas que o mesmo é inviável, podemos nos abrir para novas perspectivas. Podemos ver o quando entregamos nossos corações de formas erradas. E saberemos como agir num futuro. Sim, o arrependimento bate rápido a sua porta. Você se sente um tolo, por ter perdido tanto tempo em algo que observando melhor, é tão simples de resolver. Mas essa é a única vantagem que você adquire para sempre: a experiência. O conhecimento, para jamais cometer os mesmos erros novamente.

E você descobre que poderá renascer milhares e milhares de vezes, que pode confiar na sua própria força. Que saíra da cova dos leões de pé, cabeça erguida e o orgulho de você mesmo estampado no peito. É só você se dar uma chance. Vendo sempre, o seu lado positivo. Pois quando pensamos que sempre precisamos do outro, nos vemos mais capazes superando nossos desafios sozinhos. É como diz aquele velho ditado:


 “O que não nos matar, certamente vai nos fortalecer”.




sexta-feira, 4 de janeiro de 2013


Meu nome é Isabele, tenho 23 anos, moro em um pequeno apartamento, trabalho pra caramba, vou ser uma comunicóloga dentro de breve, adoro escrever, ler, assistir filmes ou fazer algumas travessuras no meu tempo livro (nada ilícito) e não tenho lá uma voz de barítono, mas aprecio um bom debate e sei expressar minhas opiniões muito bem para quem se interesse em ouvi-las.

Como todos nós, eu já enfrentei momentos difíceis na minha vida e em relacionamentos. Alguns já me levaram ao ponto de jamais querer tentar novamente, ser uma bon vivant.
Levar a vida despreocupadamente, sem responsabilidades, sem afetos, sem laços. E me pareceu ótimo no começo. Sair com amigos, com a família, dançar, sorrir, divertir-me sem pensar em hora pra acabar. Sem me preocupar com nada, sem um só pensamento na cabeça que não fosse viver aquele momento. Conhecer pessoas novas, rir com elas, trocar contatos, mas ao mesmo tempo mantendo certa distância. Sumindo e aparecendo muito tempo depois, falando bastante e boa parte das vezes mantendo certa ausência.

Era confortável. Fazer amizades, mas não fazer laços. Não permitir que as pessoas sentissem muito a minha falta. A sensação era de como estar pendurada na janela no alto de uma torre, como uma Rapunzel. As pessoas a veem e a admiram e você as vê também. Mas só prefere observar tudo a distancia, com um misto de admiração e um pouco de inveja, mas com a consciência profunda de que apenas observa o inalcançável. Algo que jamais poderá obter.

Afinal se eu insisti tanto e nada deu certo, pra que me ferir mais? Já existem feridas, marcas, cacos e cicatrizes o suficiente para deixar a minha bagagem emocional cheia. Nossa, lotada e surrada, encardida com tanto sangue e sujeira.

Foi então, que você surgiu. Alguém também ferido, que sentiu em mim a mesma carga que já experimentara um dia. Sentiu pela minha voz, minhas palavras, meu jeito de me expressar. Pelo caminho que escolhi levar. Não muito louvável, tortuoso, mas que me manteria firme. Então com sua força, suas garras, sua obstinação, sua confiança e esperança decidiu puxar o tapete sobre meus pés. Estava decidido a tirar minha estabilidade e me por pra flutuar, lembra?

Tanto, que se gaba disso várias vezes hoje, quando conversamos e rimos. Ah, como rimos! Como eu ria no começo dos seus gracejos, mesmo desconfiada de que estivesse tramando algo contra mim. Mantendo-me firme em não acreditar nas suas doces palavras, ou no seu carinho infinito em forma de poesia. Como teve paciência! Talvez por isso hoje, tu sejas um pouco menos tolerante, tendo-a gastado tentando me convencer que havia ao algo aqui, alguma coisa maravilhosa em que nós tínhamos o dever de perseguir e apostar.

Pois a recompensa poderia ser plena. E foi. E é. E sempre será. Pois estar ao seu lado é recuperar a parte mais importante de mim mesma, a qual tinha deixado de lado. É repensar nas minhas atitudes, é querer mudar todos os dias, me aperfeiçoar um pouco mais para ti. É pensar em atitudes que jamais considerei antes, como: realmente aprender a cozinhar, cuidar de uma casa e uma família. Morar em uma casa, mesmo pequena, mas ter um grande cachorro e um pequeno quintal. É querer plantar e colher ao seu lado, acordar todos os dias mais cedo, só para ver seu rosto sereno ao dormir ou seu sorriso desconcertado ao despertar.

É querer uma vida familiar, eu que sempre tive a absoluta certeza de que passaria o resto dos meus dias sozinha. Como nossas certezas mudam! Mas você é a única certeza que não vou mudar. Pois se tão, tão distante você consegue-me entender seja uma palavra não dita, um muxoxo dado ou um suspiro prolongado, imagina de perto?

Sei que decifrará todos os meus sorrisos, caretas, birras, tiques e até meu ar ameaçador que de acordo contigo, não assusta ninguém. Que saberá que quando eu não fizer nada disso, provavelmente estarei falando sério e ai sim começará a se preocupar. Que me carregará no colo se não conseguir andar, que ficará despedaçado se eu derramar uma lágrima. Afinal, isso você já ficou.

O que posso fazer? Você escolheu conquistar o coração mais derretido do mundo, então agora tem que aguentar as pontas. Esse coração inquieto terá que suportar toda a insegurança e lamentações do meu. Mas você sabe, assim como eu, que valerá a pena.





Pois Juramos De Coração, Né? Agora É Promessa. Não Tem Volta.