Remissão dos pecados. A absolvição é a mais poderosa forma de
perdão. É um perdão total da suspeita e da responsabilidade. É a libertação de
um futuro roubado. Mas, não sei se serei capaz de libertá-lo. Pois os meus
inimigos jamais conheceram esse tipo de perdão, dado por mim. Nunca consegui
alcançar esse grau de altruísmo e liberdade. Somos perseguidos por nossas dores
e dilemas, alguns de nós terminam se tornando escravos deles. É nesse ponto que
somos movidos por um único desejo, uma absoluta paixão: a da vingança.
A vontade predominante de fazer com que aquele
ser que causou tanto mal experimente do seu próprio veneno e possa se arrepender
de seus pecados. Mas o caminho que se segue até alcançar a revanche é tortuoso
e se não tomarmos cuidado, seremos corrompidos por ele. Nosso senso de querer
apenas fazer justiça perde-se na busca incansável pela punição e nos tornamos
tão cruéis quanto nossos agressores. É justamente nesse momento em que você deve
perguntar-se: até aonde sou capaz de ir para alcançar o meu objetivo sórdido?
Em qual ocasião deixa de ser justiça para apenas ser uma vontade lasciva de
obter punição?
As pessoas sempre veem a vingança como mais
uma forma cruel de causar dor e de que nada resolve. Mas, o que poucos
percebem, é que se bem aplicada e executada faz com que o individuo se
arrependa sinceramente do mal que causou e compreenda a dor do outro, assim
aprendendo mais uma lição e se tornando uma pessoa melhor. Evoluindo em espírito,
adquirindo sabedoria. Para com isso aprender o certo e o errado, ou que faz bem
e o que faz mal.
Dizem que a vingança é um prato que se come
frio. É apenas uma metáfora explicando que para realizar uma revanche bem
executada, é preciso ter paciência. Planejamento. Calcular e controlar os mínimos
detalhes para que tudo ocorra tão perfeitamente como o tic-tac de um relógio. E
ter a precisão de não permitir que os sentimentos escapem ao ponto de fazê-lo
perder o controle e a noção do que é ser verdadeiramente cruel.
Todos os que optarem por esse caminho devem
estar conscientes de antemão que se paga um preço alto por esse prazer perturbador.
E que em todas as vidas, há o dia de avaliação,
onde nossas mentiras e delitos são finalmente descobertos.
Aqueles que não se lembram do passado estão condenados a repeti-lo, mas aqueles que se recusam a esquecer o passado, estão condenados a revivê-lo.