quarta-feira, 9 de julho de 2014



Semana passada, fui pega de surpresa por uma reportagem que dizia que o ator Alan Rickman, o Severo Snape da série de filmes Harry Potter, foi o único ator da série que já sabia o final de seu personagem desde quando começou a gravar, para que assim o interpretasse da forma mais brilhante possível.

Como uma eterna fã dessa série, relembrei os momentos finais de Severo e também de toda a saga e isso me inspirou a escrever, pela primeira vez, sobre a profunda impressão que obtive das historias de J.K. Rowling.

Devo começar ressaltando a complexidade de relações humanas que há nessas histórias para que crianças muito pequenas possam entender. A real compreensão de todos os ensinamentos que essa série nos dá, percebo que são compatíveis apenas para crianças a partir de 12 anos. Será impossível para uma criança de 9 por exemplo, entender o quão profundamente sentimentos podem se enraizar no coração humano, transformando um dos principais vilões em mocinho, um praticamente anti-herói de difícil compreensão. Alguém reservado, envolto em muitos mistérios, assim como alguns outros personagens e contos da série.

É incrível constatar hoje, que para uma simples série de fantasia para crianças, há uma forte simbologia e lição de vida para todos os que contemplaram o final da série. O jeito fantástico de J.K. Rowling nos ensinar uma verdade universal: “Cuidado com o que desejas. Nem sempre algo que queremos muito vai nos trazer a felicidade que esperamos.”.

Acredito que ela se inspirou em suas próprias experiências enquanto uma jovem professora que se muda para outro país em busca de uma felicidade na qual descobriu, um tanto tarde, que nada aconteceria do jeito que ela idealizou.

Para nos ensinar essa importante lição, ela enredou a história de três irmãos bruxos que há muito séculos andavam por uma estrada escura e no final da mesma deparam-se com um rio bem perigoso para se atravessar. A única solução que encontraram para atravessar aquele obstáculo foi recorrer aos seus talentos e com suas magias construíram uma ponte para ultrapassar aquela correnteza que certamente os levaria a morte.

Eis que no meio da travessia se vêem frente a frente com a mesma, que está zangada pelo fato de ter construído aquela armadilha para capturar mais vítimas, pois em tempos calmos como aqueles estava um tanto difícil manter-se ocupada, e o que deveria ser apenas mais três almas para levar consigo transforma-se em três rapazes talentosos á trapaceá-la.

Mas esperta como é, a morte fingiu parabenizá-los por seus feitos e lhes prometeu presenteá-los por terem sido inteligentes o bastante para lhe escapar. O irmão mais velho que gostava de brigar pediu a morte à varinha mais poderosa que existisse, uma que fizesse jus ao bruxo que a derrotou! E assim a morte foi à beira do rio, tirou o galho de uma árvore e o transformou em varinha, entregando-a ao mesmo.

O irmão do meio quis humilhar a morte por ser um homem arrogante, e pediu o poder de ressuscitar aqueles que ela já levou. A morte voltou à beira do rio e de lá tirou uma pedra, entregando ao mesmo e lhe garantindo que ela trará os mortos de volta.

 Já o irmão mais novo, mais humilde e mais sábio, desconfiou da boa vontade da morte e lhe pediu apenas que arranjasse um modo dele sair dali sem ser seguido por ela. A morte a contra gosto deu-lhe sua própria capa de invisibilidade. E então os deixou passar e eles ficaram um tanto abismados pelo que lhes ocorrera e pelos presentes que ganharam.

Depois de um tempo, seguiram caminhos separados e o primeiro irmão tratou logo de testar sua varinha indo ao uma aldeia onde havia um velho inimigo seu. Logo depois do encontro seguiu-se o combate no qual o irmão deixou seu inimigo morto ao chão, e foi a uma estalagem beber e se vangloriar de ser o bruxo mais poderoso do mundo, por possuir a varinha mais mortal. Quando foi dormir, já zonzo de tanto vinho, outro bruxo esgueirou-se em seu quarto, roubou-lhe a varinha e para se garantir, lhe cortou a garganta. E assim, a morte o levou.

O segundo irmão voltou depressa para casa e lá rodou a pedra na mão três vezes para ressuscitar uma jovem por quem se apaixonara e desposaria se a morte não a tivesse levado tão cedo. E eis que ela surge em sua frente, tão bela como na ultima vez em que a viu. Mas havia alguma coisa errada, a jovem tinha um jeito opaco, frio, distante. Ainda parecia sem vida, sem alma. Apenas o corpo. Seu coração e sua mente não estavam mais ali nesse mundo, e ela sofria muito por ter sido trazida de volta. Desesperado ao perceber que sua amada só voltara pela metade, o irmão se matou para se unir verdadeiramente a ela. E assim a morte o levou.

A morte perseguiu o terceiro irmão por muitos anos e nunca o encontrou. Só quando o mesmo atingiu idade avançada, tirou a capa e entregou-a ao filho, instruindo-lhe a usá-la com sabedoria. E então acolheu a morte como uma velha amiga e juntos, partiram desta vida.

Criando um laço entre esses três irmãos bruxos e os seus principais personagens da série. O que nos faz especular se Harry Potter, por exemplo, não é um legítimo descendente do último irmão (o que não fica tão claro nos livros), pois desde o início da série ele ganha uma capa de invisibilidade que não desbota, não rasga, não danifica.

O segundo descendente seria o Sir. Nicolau Flamel e sua inusitada pedra filosofal. E como descobrimos nos momentos finais da série, a descendência da varinha das varinhas é pelo sangue, morte, derrota absoluta do oponente. É assim que se transfere seu poder, e assim Harry derrota seu maior inimigo. Se não fosse pela pedra filosofal destruída logo de início, Potter poderia ser considerado o senhor da morte, como diz a lenda bruxa que qualquer um que consiga deter o poder dos três elementos se tornaria.

Creio que o envolvimento desses personagens em toda a história nos mostra que: “Somente interfira com os mistérios mais profundos – a origem da vida, a essência do eu, o poder absoluto sobre os outros – se estiver preparado para enfrentar as consequências mais extremas e perigosas.” E que o ser humano têm um pendor para escolher precisamente as coisas que lhes fazem mal.


Portanto devo-lhes dizer que as histórias infantis, e aparentemente tão bobas, podem conter lições de existência humana em sociedade, até um tanto difíceis de compreender em sua totalidade para mentes tão imaturas, mas que podem guiar nossos filhos e filhas para o caminho certo no futuro. A jornada do bem.  


Siquara, Isabele 09/07/2014



terça-feira, 3 de junho de 2014



“E esse riso fácil, essa alegria desmedida, o jeito inocente de se brincar com as manhãs, de correr atrás do caminhão de sorvete. Nesse nosso dia-a-dia tão frenético, quem ainda pode nos ensinar essa maneira despreocupada de se viver?”



Essa eu posso responder! São aquelas criaturinhas adoráveis e amarelas que dominam qualquer ambiente assim que aparecem! Elas chegam de mansinho, muitas vezes batendo-se entre si, pois são muito competitivos e quando você se dá conta, já estão tomando todo o espaço da sua TV e do seu olhar.

Só de olhar para eles no primeiro instante e já estamos rindo! Por que será? Em meu humilde ponto de vista, só posso expor a vocês leitores que quem construiu a história do filme Meu Malvado Favorito e dos Minions teve o bom senso e a sagacidade de nos mostrar que esse lado divertido da vida está ai, e temos que agarrá-lo! Sei que a história é considerada apenas uma animação infantil, mas tem uma moral importante tratada com muita sensibilidade, tocando o coração de adultos e crianças.

A adoção é um processo difícil para a maioria das pessoas que decidem embarcar nessa jornada e exige muita dedicação, como nos é mostrado por Gru, um supervilão que abandona todas as suas ambições mais tenebrosas para formar uma família com três garotinhas adoráveis! A história de amor e inocência entre eles e a relação dos mesmos com os ultra divertidos Minions nos faz gargalhar até as lágrimas e nos faz pensar no quanto isso nos falta nas nossas relações com os companheiros de rotina e até com nossa família.

Quantas mães e pais depois daquele dia enlouquecedor de trabalho chega em casa, e realmente consegue se despir daquela fantasia diária de executivo para fazer algo tão bobo como dedicar 1 hora de brincadeiras a seu filho? Deixar de ir a 1 das quase frequentes reuniões ou eventos de negócios que acontecem justamente nos finais de semana, para levar seu filho pra tomar sorvete e passear num parque por exemplo?

Quantos conseguem parar 5 minutinhos pra tomar um cafezinho no escritório, naquele dia em que o chefe está com o demônio encarnado e o ambiente torna-se sufocante, e rir com os colegas de alguma coisa boba? Conseguir tirar 1 dia em meio aquela tensão de longas semanas estudando para passar no vestibular e ir ao cinema com os amigos pra jogarem pipoca um no outro nas partes mais engraçadas do filme. Se sujar todo de areia no primeiro dia de praia das suas tão aguardadas férias! Tem coisa mais gostosa na vida do que viver esses momentos?

Apenas a lembrança deles podem iluminar nossos corações naqueles dias terríveis em que acreditamos que não vamos conseguir seguir adiante e cumprir com nossos objetivos. Dias nos quais a tensão é tão absoluta que temos a certeza que nossa vida vai se extinguir naquele instante e vamos perder tudo o que nos é mais caro. Por isso, persistam em curtir esses momentos sempre que puderem, com a família, os colegas de trabalho, os amigos. Não fiquem deixando sempre isso para depois, pois o depois pode nunca chegar. 


Seja Feliz! Aproveite!  


Siquara, Isabele 03/06/2014




quarta-feira, 28 de maio de 2014



“Fornecendo a você, preso, uma viagem sem volta ao período histórico, mais obscuro, do qual se tem conhecimento!”. 



Observando diversos links de reportagens ontem, um título me chamou a atenção: Quanto mais presos, maior o lucro. Essa reportagem foi feita pelo site apublica.org e descreve a situação atual e como esse sistema se encaixa na sociedade, do primeiro presídio totalmente privatizado do país, desde que foi liberada a 1º licitação a um consórcio de empresas que constrói e administra o lugar.

Mas que absurdo é isso? Que mais novo monstro devorador de almas o governo quer criar? Já temos um dos piores tipos de sistemas prisionais do planeta, em que presos vivem em condições sobre-humanas dentro das penitenciárias públicas do país, agora com a privatização desse sistema o governo quer maquiar essa situação fazendo com que as atrocidades cometidas nesses lugares pareçam aos olhos dos cidadãos perfeitamente aceitáveis?

Investindo em propaganda destes locais, informando que o preso terá celas limpas, plano de saúde, odontológico e assistência judicial grátis fornecida pelo próprio complexo? Como assim assistência judicial fornecida apenas pelo próprio complexo? Se o preso sofrer diversas formas de maus tratos lá dentro, como ele vai denunciar isso? O seu advogado pago pela penitenciaria vai fazer o que mesmo por ele, se o interessante para o governo e o consórcio que administra esse sistema é que o mesmo tenha a aparência de modelo perfeitamente funcional para o país, e que os presos devem ser mantidos lá dentro até o período final de concessão que dura 25 anos para que as empresas que investiram na construção da penitenciaria tenham seu dinheiro de volta e uma boa margem de lucro? Não importando se o preso já tem sua pena vencida há muito tempo. E se faltarem presos, o governo é obrigado a “fabricar” alguns para preencher a cota mínima que é de 90%! Afinal é recebendo 2.700,00 reais por preso, quase o dobro pago as penitenciárias públicas, que essas empresas recuperam seu dinheiro.

E os benefícios são para todos do sistema privado, não só ao consórcio de empresas que administram esse esquema: que empresa não quer contratar presos que recebem apenas ¾ de um salário mínimo, sem qualquer outro benefício dado a um trabalhador comum? As instituições que produzem equipamentos de segurança já estão se aproveitando dessa nova tendência, fazendo com que esse complexo penitenciário já fabrique seus produtos. Com o custo bem reduzido, é claro!


Uma carta foi feita pelos presos denunciando todos os abusos que esse novo sistema causa a eles. A carta é claro teve que ser praticamente contrabandeada, já que o presídio não permite que quaisquer cartas dos presos cheguem aos seus familiares e também retém das visitas na hora da saída qualquer coisa que os presos lhes derem. É chocante a desumanidade mascarada por uma política que garante que os presos estão sendo ressocializados só por que estão trabalhando e estudando. Quando na verdade estão sendo é escravos de um sistema corrupto que tratam os presos como animais engaiolados, lhes privando muitas vezes até de água dentro delas celas, e não são todos os presos que trabalham e estudam. Apenas os mais obedientes e os que aparentemente têm penas menores são “beneficiados” com esse privilégio, os indivíduos que falam bem do presídio. Escravidão agora virou privilégio! Mas os desprivilegiados ficam em uma situação enlouquecedora para qualquer ser humano, isolados em suas celas só recebendo alimentação no horário que o complexo considera pertinente fornecer, sem água e sem qualquer coisa que possa distraí-los naquelas longas horas. Se alguma família decidir doar ao seu parente preso uma tv por exemplo, ou um rádio que é direito do preso de obter, o presídio barra a entrada. As famílias não podem dar nada aos presos. Onde por Deus está a ressocialização nisso?

E para fechar com chave de ouro a lista de denuncias, foi descoberto pelos presos um esquema entre o consórcio que administra o presídio e a vara de execuções penais do lugar onde o mesmo se encontra, na qual o Juiz responsável decreta sem provas cabíveis e impunemente o aumento da pena dos presos. O consórcio praticamente “manda” na vara! Será que existe algo mais absurdo neste país do que essa lei interna do governo de que todos os que ocupam grandes cargos públicos têm que serem corruptos? Destruindo milhares de vidas para manterem seus perversos altos padrões de vida? E se fosse um filho deles em um desses lugares, como eles se sentiriam, hã? E essa crueldade ainda é uma das plataformas de campanha do candidato à presidência Aécio Neves!

Para o professor Laurindo Minhoto, a partir do momento em que você enraíza um interesse econômico e lucrativo na gestão do sistema penitenciário, “o estado cai numa armadilha de muitas vezes ter que abrir mão da melhor opção de política em troca da necessidade de garantir um retorno ao investimento que a iniciativa privada fez na área”.

Portanto num país em que “bandido bom, é bandido morto” será que nesse sistema do qual a sociedade não quer nem saber e não está preocupada, como é o prisional, haverá fiscalização e transparência suficiente? Ou será que agora estamos criando a indústria do preso brasileiro?

        Já estão em aberto os pedidos de licitações para implantar esse sistema em outros estados do Brasil e a concorrência é grande. O endereço dessa primeira referência de inferno na terra é em Minas Gerais, especificamente na comunidade de Ribeirão das Neves.

Que fiquem em alerta qualquer um com tendências criminosas, sua viagem sem volta para esse sepulcro já está sendo marcada!



Siquara, Isabele 28/05/2014



segunda-feira, 26 de maio de 2014


“Um cachorro não precisa de carrões, casas grandes e nem um imenso estilo de vida. Um graveto pra ele tá ótimo. Ele não se importa se você é esperto ou burro, chato ou engraçado, feio ou bonito, rico ou pobre. Se der seu coração pra ele, ele lhe dará o seu. De quantas pessoas você pode dizer isso? Quantas podem fazê-lo se sentir extraordinário?!”


Pois é, será que dá pra contar nos dedos de uma só mão quantas pessoas podem nos fazer sentir-se desse jeito? Como se nós fossemos o suficiente, únicos e perfeitos? Nossas maiores bobagens se transformarem em algo excepcional para alguém?

O John consegue transmitir isso de uma forma genial em suas colunas diárias. Manuseia tão bem os pequenos fatos cotidianos, que podemos nos identificar um tanto com ele todos os dias. Acredito ser uma realização inexplicável saber que milhares de pessoas tiram 5 minutos do seu dia para ler um pouco de você. Rir com você, chorar com você, dos às vezes insignificantes fatos do dia-a-dia. Algo que muitas vezes nem percebemos. Estamos tão ocupados com a vida que segue intensa para podermos prestar a atenção nas pequenas, mas bastante significantes peculiaridades de nossas vidas. 

Almejo um dia poder tocar as pessoas dessa forma. Ver surgir à emoção nos olhares com apenas algumas poucas palavras. Dizer alguma coisa para revigorar o dia tão estressante e chato em alguns momentos. O John consegue nos contar o quanto a vida ao lado de um ser tão banal como um labrador pode ser uma grande aventura. Viver assim pode ser fantástico mesmo que não seja bem isso que você tenha escolhido para si inicialmente. A vida pode te surpreender. O segredo é você saber reconhecer isso e aproveitar.

Logo que saímos da adolescência temos um leque de opções para um futuro espetacular, e ficamos exultantes com o que sabemos que poderemos realizar. Mas é ai surge na sua vida o acaso: O acaso de conhecer alguém interessante que aumenta consideravelmente a sua percepção de mundo, o acaso de apesar de termos traçado fazer direto desde muito jovens, por exemplo, é o curso de artes que arranca suspiros dos nossos lábios. O acaso de estar doente e na saída do hospital você passar na frente de um prédio que tem um petshop e neste petshop, naquele exato dia, tem uma feira de adoção de cães e gatos. Ai você dá uma paradinha só pra admirar aqueles olhinhos lindos e aquelas orelhas agitadas e tem um brilho especial que te chama à atenção. Você vai até ele, o carrega no colo e pronto! Sabe que tem que levá-lo pra casa e o Leva Mesmo! E esse pode ser o momento em que você escolheu mudar toda a sua vida.
 
Aqueles planos de viajar pro exterior, viver como mochileiro e fazer grandes coisas se vão, por que a vida te deu outra opção e você a aceitou. Porém alguns instantes de frustração irão existir e perguntaremos como poderia ter sido da outra forma. É nessa hora que daremos uma boa olhada a nossa volta, analisando tudo o que temos, o que construímos e nos damos conta: É isso que somos! E sempre seremos! 

O que nos define de verdade são nossas escolhas e temos que nos agarrar a elas, seja lá o que elas nos tragam. Para todas as manhãs quando levantarmos e encararmos nosso reflexo, vamos nos lembrar de tudo o que passamos e sentiremos orgulho de nós mesmos. E pode haver mais contentamento que esse? Estar de bem consigo mesmo? 


Siquara, Isabele 26/05/14





sexta-feira, 9 de maio de 2014



 Quase todo mundo gosta de sopa. Aquela fresquinha, feita pela mamãe com legumes e pedaços de frango. Huumm!! Tem também a de carne, com aquela maciez que se desfaz na boca! A de abóbora, a de feijão... Só aquele cheirinho nos inspira, e causa barulhos enormes no estômago!

 Principalmente para você que acabou de sair do serviço, mais um dia estressante, uma demanda a cada 5 minutos e você passa o dia todo a se perguntar: "como darei conta disso tudo?! E ainda hoje! Ai Meu Deus, ainda tem aquele trabalho da faculdade, o leite ninho do Jr. que acabou, e eu nem tive tempo de almoçar hoje, Que Fome!"

 E então a poucos metros da saída do seu trabalho, lá está: um restaurante simples, com um cartaz enorme anunciando as sopas do final de tarde. Você entra, e já está lotado, muitas pessoas tem sempre o costume de fazer um lanchinho ou mesmo jantam depois de um dia intenso de trabalho. Em meio aquela multidão, você encontra um espacinho entre uma senhora idosa e um homem muito gordo, pega a cumbuquinha (caso você não sinta fome ela te preenche o suficiente e se estiver, há sempre a oportunidade de repetir) e serve-se daquela panela escaldante na qual o cheiro suculento percorre todo o ambiente.

 Encontrando um cantinho confortável, você se senta e Ah! É o seu primeiro momento de relaxamento depois de um longo dia. Você sabe que ainda não acabou, tem muitas outras tarefas exigindo a sua atenção até por sua cabeça no travesseiro, mas aquilo não importa naquele momento. O calor daquela sopa preenchendo sua boca de sabores e lhe esquentando o corpo, o inspira, elevando os seus pensamentos aos momentos mais prazerosos da sua vida. As risadas ao lado daqueles a quem ama, o prazer de se degustar um doce ou uma bebida, andar de bicicleta. Seja lá o que você mais goste de fazer, para encontrarmos a paz em meio ao caos do dia-a-dia é essencial que nos lembremos do que nos faz felizes. E pormos isso em prática.

 O simples prazer de se tomar uma sopa é importante para nos preenchermos em algum momento do dia com quem somos de verdade. Às vezes, no meio da correria entre estudos, trabalho intenso e quaisquer outras atividades, nos esquecemos. E esse lapso pode-se seguir por muito tempo e você nem perceba.

 Portanto busque sempre arrumar um espacinho no seu dia para se preencher. Preencher o espírito. Pois quando partirmos é isso que levaremos conosco. As nossas, lembranças, nossos amores, tudo o que nos faz feliz será guardado em nós por toda eternidade.


Siquara, Isabele. 09/05/2014




domingo, 1 de setembro de 2013


Nesta fria e chuvosa manhã acordei sentindo muito a falta de algo. Algo que deixei de fazer tem algum tempo por que meu notebook pifou e esse PC improvisado que arrumei é uma merda. Escrever. Ah, como é gostoso! Principalmente quando você cumpre a rotina diária de espiar o face book edepara-se com a surpresa de lindos textos esperando para serem lidos. Um ti faz pensar no que está ai fora e não conseguimos ver e perceber, no universo além do nosso agora, podendo ser alcançado quem sabe, com a nossa morte. Outro na nossa rotina diária, nos problemas cotidianos que nos fazem levar a vida a sério demais, e nos esquecermos de vivê-la realmente. E mais algum que fala sobre o nosso eu interior, nossos sentimentos, sendo ele o que mais nos aflige, atormenta, ainda assim o desejamos, queremos e ele faz sentir um doce sabor de amargor e nostalgia, a saudade. 


O que li hoje sobre saudade foi tão lindo que me inspirou a escrever, pois foi passado de tal forma que qualquer um de nós pode se identificar naquelas linhas. Como em letras das músicas de Tom Jobim, com tal poesia que nos faz captar doces recordações e encher nossos corações de uma felicidade finda. Mesmo com o sabor de amargor, elas podem ser tão preciosas! Pois lembranças é o que carregamos conosco para todo o sempre, e o que nos garantem que vivemos de verdade, com toda a nossa intensidade. 


É saber esperar por um beijo, um olhar, ficar grudado ao telefone enchendo-se de memórias das doces palavras trocadas entre as linhas e ficar ansiosos para trocá-las novamente. É passar todo dia por aquela estação e lembrar-se dos alegres encontros, das risadas e tropeços. Da comunhão de duas almas que se encontraram e apenas querem estar cada vez mais conectadas uma a outra. É ter esse segredo escondido entre você e só mais alguém, podendo estar nas entrelinhas de algum choro-canção. Essa linda música sempre me faz pensar no que é o amor verdadeiro e como ele pode ser expresso em suas infinitas definições e variações, e ao mesmo tempo ser mantido em um silêncio que só cada um conhece. E lá no fundo do meu coração eu sei que a saudade é um dos temperos essências que nos dar o sabor de viver.


Se eu pudesse por um dia
Esse amor, essa alegria
Eu te juro, te daria
Se eu pudesse esse amor, todo dia
Chega perto, vem sem medo
Chega mais, meu coração
Vem ouvir esse segredo
Escondido num choro-canção

Se soubesses, como eu gosto
Do teu cheiro, teu jeito de flor
Não negavas um beijinho
A quem anda perdido de amor
Chora flauta, chora pinho
Choro eu o teu cantor
Chora manso, bem baixinho
Nesse choro falando de amor


Siquara, Isabele. 19/04/2013




“Minha força está na solidão. Não tenho medo nem de chuvas tempestivas nem de grandes ventanias soltas, pois eu também sou o escuro da noite.”   Clarice Lispector

Interessante como esse verso tem uma força impulsionadora. Inspira a buscar coragem em nossos medos. Pois, qual o maior medo se não o da solidão? O vazio total de sentimentos, intelecto, capacidade física, empatia alheia. Qualquer aspecto que nos impeça de viver de verdade. Até o fato de levarmos uma vida que não escolhemos, como se estivéssemos representando a todo o tempo uma peça imposta por outras pessoas, que ousam até sugerir nossas falas. O que é politicamente correto ou não. E ainda assim, surge essa vontade ferrenha do sombrio, do inesperado, de você moldar isso e imprimir a sua maneira de agir. Você não fugir ou eliminar o seu medo, mas enfrentá-lo até se tornar parte dele. Ou transformar-se nele. Para quem tem medo do escuro, existe certo fascínio em descobrir como ele obtém tanto poder. Da onde surge tanta força, como o breu tem um aspecto tão implacável? Exatamente como a luz, pela sua totalidade. O fato de eles reinarem absolutos é a forma com o que nos encantam e assustam. 


Se tornar parte de uma força tão poderosa pode nos trazer plenitude a ponto de nos tornarmos particularmente gananciosos e tomarmos tudo para nós. Esquecermos a capacidade de compartilhar e ser solidário com o próximo, com isso deixarmos de lado nossa característica mais importante: a humanidade. Somos todos de carne e osso, afinal. A mesma pele, o mesmo sangue, o mesmo pó. Por isso o escuro a noite é tão perigoso. Sua magnitude que esconde em vez de revelar pode trazer a tona o que há de pior em nós.


Portanto sejam cautelosos meninos e meninas. Heróis. Pois a liberdade que a noite trás será tentadora o suficiente para termos atos impensáveis, agirmos de forma completamente permissiva para satisfazermos os desejos mais fúteis e nos entregarmos à força magnânima da loucura de ser quem somos. Bem lá, no epicentro do nosso espírito demonstrando tudo aquilo que escondemos principalmente de nós mesmos. 



SIQUARA, Isabele. 02/05/2013